7.12.08

Romance ou Corrido

Jose Blas Vegas: um dos mais importantes pesquisadores flamencos.

Como na historia não documentada oficialmente no momento em que acontece, a historia do flamenco se perde no tempo e dá origem a diversas teorias sobre o seu surgimento e desenvolvimento.
Adotei como fonte de pesquisa para este projeto os estudos do flamencólogo Jose Blas Vega, reconhecido na Espanha por seu trabalho de pesquisa, em sua Magna Antologia do Cante Flamenco.
Não pretendo entrar nas diversas teorias sobre o surgimento do flamenco ou de um determinado ritmo, mas dividir com todos os dados pesquisados e também minha vivência como cantaora.

O Corrido é a canção popular espanhola mais antiga conservada por tradição oral. As versões que se conhece atualmente de Corridos pertencem musicalmente a uma etapa de elaboração duvidosa. São chamados corridos, corridas ou carrerillas estes Romances de Andaluzia por sua forma de cantar, seguida e monoritmica. Durante os séculos XVII e XVIII o estilo se ausentou completamente da literatura refugiando-se nos pueblos longínquos e nos campos, em meio à gente menos letrada. Assim, gitanos, jaques, macarenos e majos que têm vital importância na formação do cante flamenco, dão ao estilo sua participação interpretativa tão característica que se mantém nos dias de hoje.
Os corridos são trechos de canções folclóricas andaluzas com a melodia diferenciada da que se origina, modificada nos pueblos de Cárceres e Salamanca.
Estas canções folclóricas, pelo que entendi, são semelhantes às histórias medievais contadas de forma cantada. Grandes histórias, grandes heróis, grandes contos.
Muitas das letras utilizadas na atualidade em diversos ritmos, são pequenos trechos destes romances.
O Corrido como forma flamenca passou desapercebido aos flamencólogos e até 1960 não adquiriu sua nomenclatura, sendo um tema desconhecido e pouco tratado. El Planeta, El Tio Rivas, Chiclanita de Cadiz e José Moron “Moroncillo” são alguns intérpretes famosos deste estilo.



O Corrido escolhido é um “Romance” do Ciclo Carolíngio e trata de assuntos cavalheirescos e épicos da França do tempo do Imperador Carlos Magno, que fez várias expedições contra os mouros na Espanha. O mais difundido do período no século XVIII foi o “Los doce Pares de Francia”.



E o Romance que adiciono pertence ao Guía de Flamenco de Andalucía, obra que todos os amantes da arte deveriam ter em sua discoteca-biblioteca.
Imagino que aos poucos, após a guitarra ter sido inserida no flamenco, o que chamamos de Romance hoje é este cante que como vocês poderão comparar em nada se assemelha ao Romance original.

Posso dizer que, o cante é sempre um mistério e razão para pesquisas e muitas dúvidas até que cheguemos a cantar os cantes tradicionais.
No romance, digo que conheci melhor depois de uma encomenda feita por Raul Dominguez “El Bulería”, de Cadiz. Neste momento estávamos na Espanha e ele me pediu para cantar um Romance. Dos que eu tinha gravado que tinham guitarra, fiz minha opção e ousei escrever uma letra que deixo abaixo para vocês.

Son tus ojos como el água
Y puedo ver tu corazón
Porque bailas con tu alma
Eres pura emoción.

Cuando te veo bailando
Y me pongo a cantar
Ay que ganas tengo primo
De contigo poder bailar
Um beijo e até a próxima postagem.

Postado por: Tiza Harbas

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